O Ponto e a Vírgula - I

13 de Agosto de 2008

O ponto era decidido, sabia sempre como terminar umas coisas e deixar que outras começassem. Era taxativo, directo, determinado. Era totalmente explícito, embora, por vezes, não soubesse se deveria estar sozinho ou chamar mais dois pontos amigos seus para que a mensagem passasse correctamente. Era este o grande dilema do ponto: ele nunca sabia se estar sozinho era mais saudável do que estar acompanhado, mesmo que, quando estivesse acompanhado, desejasse estar de novo só, cansado que estava de tantas contendas e confusões. No entanto, a verdade é que, se se via novamente sozinho, começava a questionar-se se estaria a cumprir a sua missão correctamente e, findas ou mal findas as questões, já estava a chamar um ou dois pontos seus amigos. Por instantes, cria que, de facto, era melhor deixar ideias em suspenso ou ser a serventia de enumerações.
Mas tudo era cíclico. Quando se cansava de introduzir milhares de ideias, objectos, sensações ou emoções, já nem nos raciocínios interrompidos, nas divagações quebradas, nas mensagens subliminares encontrava conforto. Retomava a sua solidão, a sua determinação, até que começasse, novamente, a duvidar da sua exactidão.

(...)

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