Retórica

Hoje foi um dia que, sem que acontecesse nada de mais, me deixou de rastos. Falo já no passado porque quando voltar a sair de casa, estou mesmo a ver, já vai ser amanhã.

Comecei por me atrasar terrivelmente; em 12 minutos tive de fazer tudo aquilo que faço em 20 ou 25. Parecendo que não, a diferença ainda é avultada porque de manhã cada minuto conta. Não é cliché, é mesmo verdade.
Felizmente consegui apanhar o meu rico comboio das 7h22, mas caramba, ia fazer teste de Matemática. Não é que depois de tanto trabalho, tantos exercícios, tantas explicações, tanta atenção nas aulas... Fiquei toda despenteada tal era o meu desespero a resolver o teste?!
Parecia que era tudo novo para mim, que aqueles exercícios eram incrivelmente diferentes de todos os que já resolvi (e resolvi bem, e com mérito). Resumindo, estou cheia de medo, e Matemática é o calhau do ano.

A aula seguinte, dessa bela pérola chamada AP, merecia uma rúbrica na Euronews: No Comment.

E pronto, eu sei que estou no céu, mas por que raio de carga de água é que estas coisas me deixam completamente abananada? Será a minha mente assim tão desocupada? Será o meu estofo assim tão frágil? Isto é retórica, porque eu (quase) que sei a resposta.
Será que só eu é que vejo nuvens pretas quando elas não passam daquelas nuvenzinhas fofinhas da manhã, antes de o sol chegar para ficar?
Será que eu é que não sei definir prioridades? E será que eu algum dia vou ser alguém? E será que para umas coisas atinarem, outras têm de descambar? É que... não me obriguem a escolher, porque "Será que eu saberia?". E isto já não é retórica.

Eu gostava de ter...

... alguém a quem dizer isto. Ou parecido.

"Gosto de esperar por ti, de te ver enquanto caminhas até mim. O nervosinho sussurra sempre, mas cada tremor tem a doçura do açúcar dos teus olhos.
Gosto mais de te observar e de te sentir comigo, mesmo que voe para longe, para o mundo dos teus traços, dos teus sinais, do teu singular. É o teu timbre, é o teu pestanejar, é o teu cheiro, é o teu calor, é o teu toque! É a tua majestade feita minha segurança; é o teu cuidado transformado no meu conforto; é o teu carinho encarnado no meu sorriso. É estar contigo e querer chegar ainda mais perto, sem medo, sem repulsa, intimamente e com a inocência da rosa branca. É dar-te a mão, entrelaçar os meus dedos nos teus e imaginar os nossos corações em tão perfeita comunhão. É sentar-me ao teu lado, saber que temos horas pela frente, e mesmo assim já sentir um quê de saudade. É a ameaça do vazio que vais deixar comigo quando nos separarmos, mesmo que seja por pouco tempo, que faz brotar em mim a sensação dessa palavra tão lusa.
É o gostar sem razão. Porque és mais, és melhor. Para mim és (o) melhor. É o bucolismo de gostar sem pensar, mas por sentir, sentir desalmadamente, mas convictamente.
É querer e ter e poder sonhar por mim, por ti e por nós, por aquilo que temos de mais bonito! Numa conexão sadia, é saber que és o meu tudo e que eu sem ti sou menos, pouco ou quase nada."

3 pontos.


1º.

Hoje fiz teste de Português. Correu uma boa merda para falar... português.
Perdi a noção do tempo, achei que ia poder fazer o teste com toda a calma deste mundo e do outro, mas faltavam 5 (!!) minutos para tocar e eu ainda nem a composição tinha feito. Fí-la quase às cegas, se me perguntarem só sei que "desemprego" e "emigração" são duas das palavras que lá estão. Palavra que fico impressionada com a relação gosto-notas. Gostei tanto do "Sermão de Santo António aos Peixes" e tive umas notas que, eu sim!, eu é que merecia um sermão e uma barbatanada na cara; estou a adorar Fernando Pessoa e o teste corre-me assim? Duas palavras: En fim.
Agora, o verdadeiro problema, que até pode entrar em contradição com o que disse para trás, mas não vão por aí; é uma luta antiga:
Que raio de ideia é esta de castrarem a imaginação das pessoas?? Não querem pessoas expeditas, que raciocinem, que defendam uma tese e que argumentem em favor dela sem reservas? Não querem pessoas que se saibam expressar, que sejam claras, que construam frases e textos com cabeça, tronco e membros?
Pois é, parece que não. Com os malditos limites máximos de palavras impostos, os textos ficam-se só pela parte da cabeça, às vezes sem orelhas. Um mínimo exigído ainda admito, agora... um limite máximo? Pelo menos, um limite máximo tão apertado? O que é que eu digo em 300 palavras?
Isto é censura, parecendo que não.




Sinto-me uma daquelas qualquer-coisa Anónima. Palavra de honra, só me faltam mesmo as reuniões semanais. Não é por mais nada, é por ter encasquetado uma ideia e por a estar a levar mesmo a sério. Não é costume.




Fiquei, obviamente, muito contente pela vitória do Obama. Não estou à espera de que ele seja o salvador da Humanidade, mas já estava cansada de ver o presidente mais falado do mundo sempre feio e trombudo, com aquele sotaque texano. Claro, impõe-se dizer: será que vai ser tão falado como era o Bush, campeão das gaffes? Visto por esse lado, espero sinceramente que não. Assim como também quero crer que não vamos ter outro desfecho "Kennedyano".

Parecendo que não...

... afecta-nos a todos.
E nada de manifestações contra a hegemonia dos States e a favor dos direitos humanos e aquele chorrilho de indignações que surgem mal se ouve "Estados Unidos da América". Contra factos, não há argumentos.

GO OBAMA, GO!


! AVIV


Laranja doce tem de ter a casca fina
Laranja doce tem de ter a casca fina
O amor do homem é uma menina
O amor do homem é uma menina

Uma menina tem de saber a pimenta
Uma menina tem de saber a pimenta
O amor do homem é a ferramenta
O amor do homem é a ferramenta

A ferramenta tem de estar bem afiada
A ferramenta tem de estar bem afiada
O amor do homem é a marmelada
O amor do homem é a marmelada

A marmelada tem de ser feita na praia
A marmelada tem de ser feita na praia
O amor do homem está debaixo da saia
O amor do homem está debaixo da saia

Debaixo da saia há um bicho cabeludo
Debaixo da saia há um bicho cabeludo
O amor do homem é... é isso tudo!
O amor do homem é... é isso tudo!

E virou =D ( a nossa lindíssima versão, não me venham dizer que também leva sal e cenas afins )


Viva a cantoria, vivam as aulas de Português, viva o Caeiro, vivam os Nine Inch Nails, vivam os pequenos-almoços da segunda-feira e viva a sorte espectacularmente bem calculada de não ser chamada pela professora de Matemática!
Vivam os Clippers, vivam as badalhoquices e os pensamentos fora de cena!
Vivam os amigos, os melhores e OS MEUS!
VIVA LA VIDA .



-Fátima, qual é o plural de 'vem'?
-Oh stora... vens?