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Faltam-me palavras e eu não sei onde as procurar. Até já desisti dessa demanda porque, muitas vezes, só podemos encontrar quem, o que quer ser descoberto. Não é que o tédio seja tão forte que me deixe vazia, não é que a euforia seja desmesurada e que, com tanta alegria, nem conheça forma de a descrever. Talvez seja mais a apatia de ter tudo o que preciso, não tendo quem queria. Talvez sejam os dias de férias sem agenda, à espera da vontade súbita de devorar livros, do convite a que quero fugir ou da mensagem que não chega e que me desespera. Quem sabe não é o cansaço do costumeiro “mais do mesmo”: os planos, as expectativas e os enredos escritos na minha ideia que nunca se cumprem, nunca se superam e nunca conseguem actores que os representem. Nisto não sou pelos monólogos; prefiro dividir o estrelato com alguém, sem competir ou invejar. É como se apenas eu tivesse passado no casting para esta peça. Pior, é como se esta peça, de tão corriqueira, apenas despertasse desprezo junto dos actores que eu, enquanto encenadora, acharia perfeitos para o papel de me acompanharem na gargalhada e no pranto, de me emprestarem o ombro quando a dor fosse muita, de me darem o beijo terno que salva da morte as princesas (e as não-princesas) malfadadas.
Faltando-me as palavras, não me falta que dizer. Pudera eu contar tudo e talvez o aperto passasse, talvez me encontrasse… ou talvez quebrasse o encanto da angústia de quem espera, e sabe, que a resposta e as palavras que faltam vão aparecer depois, quando bem o quiserem, quando assim o entenderem.

1 comentário:

Raquel Pereira disse...

Mais um grande texto da Didi Maria :D

Parabéns amor...

Beijoca
Tudo de bom